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Programa - Voz da Salvação
Com Tanamara Magalhães
09:00 - 12:59

Protestos por Falta de Energia em Tucuruí-PA

Protestos por Falta de Energia em Tucuruí-PA

Moradores revoltados fecham ruas e queimam objetos em Tucuruí, no sudeste do Pará, destacando crise de falta de energia, apesar da presença de grande usina hidrelétrica

A noite de quarta-feira, 8 de outubro de 2025, foi agitada em Tucuruí, no sudeste do Pará, onde moradores protestaram contra a falta de energia elétrica. Revoltados com as interrupções constantes, os manifestantes fecharam ruas e queimaram diversos objetos. O episódio expõe uma contradição: a cidade abriga a Usina Hidrelétrica de Tucuruí (UHT), a segunda maior geradora de energia do Brasil.

Os protestos começaram ao anoitecer, quando grupos de residentes bloquearam vias principais da cidade. Eles expressaram frustração com a falta de energia, que tem afetado o dia a dia da população. Imagens circuladas nas redes sociais mostram barricadas improvisadas e focos de incêndio com pneus e outros materiais. A Polícia Militar foi acionada para conter a manifestação, mas não há relatos de confrontos graves até o momento.

Segundo testemunhas, a interrupção no fornecimento de energia durou horas, deixando bairros inteiros no escuro. “É inaceitável que uma cidade com uma usina tão grande sofra com isso”, disse um morador anônimo à imprensa local. A Equatorial Energia, concessionária responsável pela distribuição no Pará, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o incidente.

O problema da falta de energia não se restringe a Tucuruí. Cidades vizinhas como Marabá, Parauapebas, Canaã dos Carajás e outras no sudeste do Pará enfrentam interrupções semelhantes. Consumidores relatam quedas frequentes, especialmente durante picos de demanda. Essa situação leva muitos a questionarem se há falhas sistêmicas na rede de distribuição.

De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o Pará registrou um aumento nas reclamações por falta de energia em 2025. Fatores como chuvas intensas, falhas em subestações e sobrecarga na rede contribuem para o agravamento. No sudeste do estado, onde a mineração é intensa, o consumo elevado pode estar pressionando a infraestrutura.

Protestos por Falta de Energia em Tucuruí-PA
Usina Hidrelétrica de Tucuruí

Tucuruí é conhecida pela Usina Hidrelétrica de Tucuruí, inaugurada em 1984 e operada pela Eletronorte. Com capacidade instalada de 8.370 MW, ela é a segunda maior do Brasil, atrás apenas de Itaipu. A usina abastece grande parte do país, mas paradoxalmente, a região local sofre com instabilidades no fornecimento.

Especialistas apontam que o problema reside na distribuição, não na geração. “A energia gerada em Tucuruí é exportada para outras regiões, enquanto a infraestrutura local é defasada”, explica o engenheiro elétrico Paulo Ferreira, da Universidade Federal do Pará. Investimentos em linhas de transmissão e subestações são urgentes para resolver essa discrepância.

A falta de energia afeta diretamente a vida cotidiana dos moradores. Comércios fecham mais cedo, escolas suspendem aulas e hospitais recorrem a geradores. Em Canaã dos Carajás, polo mineral, empresas relatam prejuízos milionários por paradas não programadas. Em Marabá, protestos semelhantes ocorreram no mês passado, sinalizando um descontentamento crescente.

Economicamente, o sudeste do Pará é vital para o estado, com atividades de mineração e agropecuária. A instabilidade energética pode afastar investimentos e agravar o desemprego. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região contribui com 30% do PIB paraense, mas enfrenta desafios infraestruturais crônicos.

O governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Energia e Mineração, anunciou uma reunião emergencial para discutir o tema. “Estamos monitorando a situação e cobrando soluções da concessionária”, afirmou o secretário João Mendes em nota oficial. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) também pode intervir, aplicando multas por descumprimento de padrões de qualidade.

A Equatorial Energia, que assumiu a distribuição no estado em 2018, tem investido em melhorias, mas críticos dizem que o ritmo é lento. Projetos como a expansão da rede de alta tensão estão em andamento, com conclusão prevista para 2026. Enquanto isso, moradores pedem ações imediatas para mitigar as interrupções.

Especialistas recomendam diversificação das fontes de energia, como solar e eólica, para reduzir dependência das hidrelétricas. Programas de eficiência energética e campanhas de conscientização sobre consumo responsável também ajudam. Para os consumidores, denunciar falhas via canais da Aneel ou do Procon é essencial.

Organizações civis, como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), têm apoiado as comunidades afetadas. “A energia deve servir ao povo local, não só à exportação”, defende a coordenadora regional Maria Silva. Protestos como o de Tucuruí podem pressionar por mudanças, mas soluções de longo prazo dependem de políticas públicas eficazes.

A crise em Tucuruí e região sugere falhas estruturais no setor energético brasileiro. Apesar da abundância de recursos, a distribuição desigual gera insatisfação. Com o verão se aproximando, quando o consumo aumenta, o risco de mais interrupções é alto. Autoridades precisam agir para evitar escalada de protestos e garantir suprimento estável.

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