Travessia no Rio Araguaia é feita por barqueiros experientes como Leonardo, que garante segurança e serviço essencial para turistas e moradores.
Antes de chegar à charmosa Praia do Pontão, um dos destinos mais frequentados durante o verão na região do Araguaia, os visitantes passam pela Vila São José do Araguaia, onde a travessia do rio só é possível por meio de embarcações conduzidas por barqueiros experientes. É nesse cenário que conhecemos Leonardo, um profissional que, há duas semanas, passou a integrar a equipe de travessia local.
Apesar de recém-chegado ao serviço na travessia do Rio Araguaia, Leonardo acumula mais de 15 anos de experiência como barqueiro em São Félix do Xingu, onde realizava a mesma função: transportar com segurança passageiros e motos entre margens de rios da região. Natural de Araguaína (TO), ele já conhecia moradores locais, o que influenciou sua decisão de se mudar para a vila e atuar na travessia sazonal que movimenta o turismo e a economia durante o verão.
No restante do ano, principalmente durante o inverno, quando o volume de chuvas reduz a atividade nas praias, Leonardo se dedica à construção civil, atividade comum entre os barqueiros fora da alta temporada. Ele explica que, quando a movimentação de turistas aumenta, todos param seus trabalhos paralelos, como na roça ou na construção, e montam acampamento na praia por cerca de 30 dias para atender à demanda da temporada de veraneio.
A travessia, embora aparentemente simples, exige preparo e atenção. “Trabalhar com o transporte de pessoas é uma grande responsabilidade, principalmente com o fluxo intenso de banhistas, muitas vezes alcoolizados ou sem o colete salva-vidas, que é obrigatório”, relata Leonardo. As embarcações têm capacidade entre 8 e 11 pessoas e contam com apoio do Corpo de Bombeiros para reforçar a segurança durante os períodos de maior movimento.
Além da preocupação com os coletes e a lotação correta, o barqueiro destaca a dificuldade em lidar com passageiros alcoolizados e com crianças sem supervisão, situações frequentes em dias de eventos. Shows populares, como os de Clessinha, Bonde do Forró e Ar do Costa, aumentam significativamente a procura, levando os barqueiros a jornadas intensas. “Em um desses dias, cheguei a passar quatro dias sem dormir, com travessias constantes durante o dia e a madrugada”, contou Leonardo.
A tarifa padrão da travessia é de R$ 5 por pessoa quando há lotação mínima de 8 passageiros. Para quem deseja atravessar de forma imediata, sem aguardar lotação, o frete sobe para R$ 40 até a praia, R$ 60 até a Matinha e de R$ 100 a R$ 150 até o Pontão. Durante a noite, os valores podem ser ainda maiores devido ao risco ampliado e à necessidade de deslocamento da embarcação da associação.
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Apesar das dificuldades e riscos, o serviço de barqueiro é considerado financeiramente vantajoso. Leonardo explica que existe uma associação de barqueiros que organiza a atividade. Ela cobra 12% do valor das corridas, sendo o restante dividido entre os custos com combustível e o lucro repassado ao dono do barco e ao operador.
“Aqui é um serviço valorizado. A gente trabalha muito, mas o retorno é bom. O importante é manter a segurança, respeitar os colegas e atender bem quem procura a travessia”, afirma Leonardo, satisfeito com a receptividade dos moradores e com o ambiente de colaboração entre os trabalhadores.
Com foco na segurança e experiência de quem conhece o ofício, Leonardo já pensa em retornar nas próximas temporadas. “Quero voltar no ano que vem. Gosto daqui, o pessoal é bom e a gente consegue trabalhar com dignidade”, finaliza.
A travessia do Rio Araguaia para a Praia do Pontão é mais do que um simples deslocamento: é parte essencial da experiência turística e comunitária da região. E profissionais como Leonardo são peças fundamentais para garantir que esse trajeto seja seguro, eficiente e acessível para todos.
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